2.1 Princípios Orientadores

 

Os utilizadores do presente recurso de formação online são responsáveis por entrar em contacto com as organizações governamentais e locais, de modo a garantir o acesso a informação relevante sobre o patrocínio de refugiados na sua comunidade.

 

 

Panorama

 

 

Muitas comunidades organizações únicas em todo o mundo participam no patrocínio comunitário de refugiados (patrocínio de refugiados). Para refletir a diversidade de programas de patrocínio e das pessoas envolvidas em cada país, o presente recurso de formação online fornece conhecimento sobre questões e responsabilidades, que podem ser consideradas universais.

Lembrete importante: Aprenda sobre e contacte organizações governamentais e comunitárias na sua área, de modo a garantir que também tem acesso a informação sobre o patrocínio de refugiados, que é específica do seu contexto local.

Dentro dos Princípios Orientadores para o patrocínio de refugiados, nós oferecemos várias maneiras de compreender e abordar as situações comummente encontradas. Uma vez que muitos aspetos do patrocínio de refugiados são específicos das comunidades - os residentes da comunidade juntamente consigo são os especialistas no que é necessário para viver e prospera nessa comunidade. Através deste recurso vai considerar alguma preparação e resolução de problemas, que podem ser úteis nas suas atividades de patrocínio de refugiados.

Gestão de Expectativas
Entrar em qualquer experiência nova ou situação com expectativas específicas pode levar à deceção ou confusão por parte dos envolvidos. Isto também se aplica patrocínio de refugiados. Pode ser útil considerar uma variedade de resultados possíveis, identificar pressuposições e manter uma mente aberta ao longo de todo o período de patrocínio. Apoiar alguém que se está a adaptar a um ambiente novo pode demorar o seu tempo e raramente se revela como esperado!

Ter a cultura em consideração
Refletir sobre a forma como os nosso gestos, ações e compreensão do mundo podem ser específicas das culturas e de nós mesmos enquanto indivíduos é essencial para o patrocínio de refugiados. Os membros do grupo de patrocínio juntamente consigo e os refugiados recém-chegados podem ter normas culturais de informar as perspetivas e o comportamento similares ou divergentes. Tendo em conta que a cultura no patrocínio de refugiados tem a ver com o crescimento e a aprendizagem de todos os envolvidos - refugiados recém-chegados e o grupo de patrocínio e a comunidade.

Privacidade e Confidencialidade
Respeitar a privacidade e a confidencialidade dos refugiados recém-chegados é essencial. Eles podem confiar no grupo de patrocínio e partilhar detalhes pessoais, mas continua a caber-lhes a eles decidir o quanto querem partilhar das suas vidas e com quem. Navegue com muita cautela na privacidade e confidencialidade sempre que contar uma história ou partilhar informação essencial.

Desequilíbrio de Poder
O objetivo do patrocínio de refugiados é que os refugiados recém-chegados se tornem auto-suficientes no final do período de patrocínio. Isto envolve a capacidade de fazerem os seus próprios planos e tomarem as suas próprias decisões para atingirem os seus objetivos. O seu grupo de patrocínio vai explorar “fazer com” em vez de “fazer por” os refugiados recém-chegados. Uma dinâmica de poder existe sempre entre todas as pessoas, incluindo os membros do grupo de patrocínio e os refugiados recém-chegados, por isso tenha sempre em consideração, que esse poder será essencial para uma experiência de patrocínio de refugiados bem sucedida.

 

 

Gestão de Expectativas

 

 

Fonte: RSTP YouTube 'Refugee Sponsorship Expectations: Sponsor and Refugee Perspectives

Neste vídeo, tanto os membros do grupo de patrocínio como os refugiados recém-chegados tiveram expectativas diferentes em relação à experiência. Estas expectativas podem ser coisas pequenas - tais como o clima - que podem apenas demorar tempo até que se habituem. Às vezes estas expectativas são mais complexas, tais como empregos que os realizem. Para ambas, isto pode incluir o tanto/ou tão pouco que o grupo de patrocínio estará envolvido nas vidas dos recém-chegados e como vai ser a relação.

É importante tentar gerir as expectativas com os refugiados recém-chegados e dentro do seu grupo de patrocínio. Tenha em consideração como ambos podem ter expectativas baseadas em várias fontes de informação, mal entendidos ou pressupostos baseados em experiências anteriores.

Exemplos de expectativas do grupo de patrocínio que podem não ser exatas:

Os refugiados passam por desafios em termos de saúde mental. Eles podem ter passado por dificuldades significativas, mas a saúde mental pode ainda não estar afetada (ou nunca chegar a estar).
Os refugiados são menos instruídos que aqueles que vivem na comunidade de reassentamento. Eles podem ter muitas qualificações. Essas qualificações podem não ser oficialmente reconhecidas no país de asilo ou de reassentamento.
Os refugiados não têm dinheiro nem bens. Eles podem ter dinheiro ou bens que tenham trazido com eles ou aos quais possam aceder.
Os refugiados e os padrinhos vão tornar-se amigos próximos. Pode criar-se uma forte ligação, contudo isso nem sempre acontece. Isto não tem qualquer problema uma vez que o sucesso se baseia na auto-suficiência.
Os refugiados não vão deixar a nova comunidade. Eles podem decidir mudar-se, após terem chegado, por vários razões incluindo a procura de trabalho, reunirem-se com a família ou devido a mudanças no seu país de origem.
Os refugiados recém-chegados vão adaptar-se rapidamente à nova comunidade. A adaptação a uma nova comunidade, incluindo a língua e as normas, é uma experiência individual.
Os refugiados recém-chegados vão/não vão gastar dinheiro de acordo com um orçamento pré-estabelecido. Eles podem ter diferentes níveis de conforto, compreensão e sentido de prioridades relativamente ao grupo de patrocínio.
Os refugiados recém-chegados com educação formal e/ou conhecimentos da língua local vão encontrar um emprego. Existem fatores para além da educação e das competências linguísticas para a realidade de uma comunidade ou pessoa, que podem afetar a procura ou as perspetivas de emprego.
Os refugiados vão ser felizes e permanecer assim no país de reassentamento. Eles podem chegar à comunidade de reassentamento com determinadas expectativas e podem ficar dececionados.
No final do período de patrocínio, os refugiados recém-chegados serão membros muito ativos da comunidade, inclusive vão falar a língua, concluir os estudos e encontrar um emprego. Podem existir vários desafios para os refugiados recém-chegados se tornarem auto-suficientes, que poderão ser difíceis de ultrapassar ou predizer, mesmo com o apoio do grupo de patrocínio.

Exemplos de expectativas de refugiados recém-chegados que podem não ser exatas:

  • As normas sociais ou a cultura serão muito diferentes/semelhantes ao que eles estão habituados.
  • A nova comunidade será muito acolhedora/muito pouco acolhedora para eles por várias razões.
  • Haverá assistência financeira ou material disponível mais do que suficiente ao longo do período de patrocínio.
  • O grupo de patrocínio vai fazer tudo/quase nada ou estará sempre disponível/indisponível.
  • Haverão muitas oportunidades para encontrar o emprego ideal.
  • As habitações serão muito grandes/pequenas e estarão/não estarão totalmente preparadas para eles
  • A família alargada poderá juntar-se a eles mais tarde com a ajuda do grupo de patrocínio.
  • Será possível continuar os estudos rápida e facilmente.
  • O grupo de patrocínio vai saber muitos/poucos detalhes sobre as suas histórias pessoais ou a sua cultura.
  • Eles têm de estar gratos e felizes após a chegada para que o grupo de patrocínio os continue a ajudar.

Exemplos de desafios que podem surgir a partir de expectativas desencontradas.:

  • A confiança ser quebrada ou difícil de construir entre o grupo de patrocínio e os refugiados recém-chegados.
  • O grupo de patrocínio tomas as decisões pelos refugiados recém-chegados, pois considera-os como sendo incapazes de o fazer.
  • A auto-estima e confiança dos refugiados recém-chegados pode ter sido afetada pelos membros do grupo de patrocínio ao expressarem deceção ou insatisfação com a evolução percebida na adaptação à comunidade.
  • Motivação reduzida dos membros do grupo de patrocínio.
  • Os refugiados recém-chegadosnão comunicarem com o grupo de patrocínio.
  • As relações entre os membros do grupo de patrocínio tornarem-se desafiadoras ou produzirem conflito.
  • Os membros do grupo de patrocínio perderem de vista que o objetivo é a segurança e a vida dos refugiados recém-chegados.
  • Colapso no patrocínio devido ao grupo do mesmo ou aos refugiados recém-chegados serem incapazes/não terem vontade de continuar.

De onde é que estas expectativas surgiram? Tanto para os grupos de patrocínio como para os refugiados recém-chegados:

  • Rumores ou informação mal entendida ou apoio fornecido a outros refugiados recém-chegados.
  • Má comunicação com o grupo de patrocínio.
  • As pressuposições deles/suas basearem-se em fatores como os contextos culturais ou as experiências pessoais.
  • Entusiasmo relativamente à instalação numa nova comunidade/ao apoio a alguém que se está a adaptar à sua comunidade e fantasiar sobre como essa experiência poderá ser.

Como podemos gerir as expectativas?

Quase todos os grupos passam por desafios ao gerirem as expectativas. Pode tentar minimizar as expectativas e aprender a partir da situação que surgir. Ao longo do presente recurso de formação online vai encontrar cenários que envolvem a gestão de expectativas e vai explorar formas de as gerir.
Algumas abordagens a considerar incluem:

  1. Manter uma comunicação bilateral com os refugiados recém-chegados e dentro do seu grupo de patrocínio.
  2. Refletir sobre as suas expectativasquão realistas são e em que se baseiam.
  3. Abordar expectativas desencontradas quando surgem por parte dos refugiados recém-chegados ou dentro do seu grupo.
    • Comunica antes da chegada deles pode ser útil e pode esclarecer o seu planeamento. Caso não seja possível pode começar a discutir as expectativas o mais breve possível após a chegada.
  4. Aceite o facto de não ser capaz de preparar ou resolver todas as situações.
  5. Tenha a mente aberta e seja solidário durante os altos e baixos das vidas dos refugiados recém-chegados.

 

 

Ponto de reflexão: Gestão de Expectativas

 

 

Em parte, controlar as expectativas significa entender que, em se tratando do patrocínio, há várias maneiras de se chegar a um resultado positivos e não só um jeito de fazer as coisas.

 

Em um diário de treinamento, liste alguns dos êxitos que gostaria de ter no patrocínio de refugiados pela comunidade.

 

 

Ter a cultura em consideração

 

 

Refletir sobre a forma como os nosso gestos, ações e compreensão do mundo podem ser específicas das culturas e de nós mesmos enquanto indivíduos é essencial para o patrocínio de refugiados. Os membros do grupo de patrocínio juntamente consigo e os refugiados recém-chegados podem ter normas culturais de informar as perspetivas e o comportamento similares ou divergentes.

O seu grupo de patrocínio poderá beneficiar com a aprendizagem sobre os contextos multi-facetados dos refugiados recém-chegados, assim como os refugiados recém-chegados poderão beneficiar com a aprendizagem sobre os contextos dos membros do grupo de patrocínio e daqueles vivem no país de reassentamento. Os refugiados recém-chegados podem ou não ter recebido orientação prévia à sua partida, portanto poderá desejar validá-la ou explorar qual a orientação (adicional) que lhes poderá ser útil. Esta poderá constituir uma excelente oportunidade para aprenderem mais uns sobre os outros!

Tendo em conta que a cultura no patrocínio de refugiados tem a ver com o crescimento e a aprendizagem de todos os envolvidos - refugiados recém-chegados e o grupo de patrocínio e a comunidade.

Exemplos de comportamentos culturalmente específicos ou caraterísticos

Ao explorar estes exemplos, considere debater algumas destas questões com o seu grupo de patrocínio:

  • Como é que vê ou aborda, pessoalmente, estes tópicos? Porque acha que é assim?
  • Como é que os seus amigos, colegas ou membros da comunidade vêem estes tópicos? Porque acha que é assim?
  • Na sua opinião de que forma é que ter algum entendimento das perspetivas dos outros sobre estes tópicos poderá ser útil nas atividades ou em certas situações do patrocínio de refugiados?

 

 

Comunicação

 

Contacto visual

Olhar as pessoas nos olhos poderá significar várias coisas dependendo da cultura e da pessoa. Alguns exemplos de significados podem incluir:

  • Mostrar honestidade e franqueza;
  • Ser agressivo e/ou mal educado;
  • Mostrar respeito (contacto visual insuficiente pode ser considerado falta de respeito);
  • Fazer os outros sentirem-se confortáveis/bem-vindos (demasiado pode provocar desconforto); ou
  • A forma mais eficaz de estabelecer contacto com as pessoas.

Não verbal gestos

O movimento das mãos, cabeça ou outras partes do corpo para indicar um ideia ou emoção é parte integrante da comunicação não verbal e pode ter significados diferentes variados em culturas diferentes. Eles também constituem fontes comuns de mal entendidos ou ofensas se interpretados de uma perspetiva diferente da pretendida.

Objetividade e discurso

Tal como com o contacto visual e os gestos não verbais, as abordagens e as perspetivas de comunicação verbal variam significativamente entre as culturas, línguas e as pessoas. Alguns exemplos a ter em consideração:

  • Fornecer feedback direto ou colocar questões diretas pode ser considerado rude, indelicado ou confiante.
  • Sugerir ideias ou respostas pode ser considerado mais adequado.
  • Evitar colocar questões esclarecedoras pode ser evitar ser visto como uma figura de autoridade desafiadora.
  • As expressões idiomáticas não são fáceis de traduzir pelo facto de serem tão marcadamente específicas de uma cultura, língua ou região geográfica.
  • Exemplos: “Raining cats and dogs” (chover muito - a potes); “put my foot in it” (dizer/fazer algo errado - pôr o pé na argola/poça).

 

 

Tempo e Planeamento

 

As culturas e as pessoas dão ênfase ao planeamento, ao tempo e à pontualidade de várias formas. Este amplo espetro de perceções inclui:

  • As pessoas devem apressar-se para cumprir prazos ou para chegar a horas às reuniões.
  • Chegar a horas é um conceito flexível para abrandar e conservar a energia em temperaturas altas.
  • Estar certo de alguma coisa depende da intervenção divina e, por isso, encontra-se fora do controlo das pessoas.
  • As reuniões ou os eventos importantes não podem ocorrer em determinadas datas ou alturas para evitar o infortúnio ou observações de caráter religioso ou cultural.

 

 

Normas relativas ao Género

 

O conceito de género dos refugiados recém-chegados pode moldar significativamente as suas experiências e objetivos tal como acontece com qualquer pessoa. As normas relativas ao género são conceitos sociais referentes à forma como as pessoas se devem identificar a si próprias e comportar. Estas são, frequentemente, interiorizadas desde o nascimento por exemplo, pela cor das roupas e ser referenciado como sendo menino ou menina. Em muitas partes do mundo, as expectativas sociais específicas dos homens e das mulheres podem estar profundamente enraizadas e podem variar de forma significativa.

Reflita sobre as normas relativas ao género existentes na sua cultura. Considere debatê-las com o seu grupo de patrocínio.

  • De que forma é que as experiências específicas relativas ao género dos membros do seu grupo de patrocínio podem diferir das suas?
  • De que forma é que as experiências e as abordagens a situações referentes aos refugiados recém-chegados podem estar relacionadas com as normas de género?

Exemplos de normas relativas ao género

  • Os homens vestem calças e as mulheres vestidos / Pode vestir o que bem entender independentemente do género.
  • Pode-se esperar que os homens assegurem o sustento (emprego) e as mulheres fiquem em casa a tomar conta dos filhos.
  • Os homens e as mulheres não podem sociabilizar antes do casamento / Eles têm de sociabilizar muito antes do casamento.
  • Homens / mulheres devem sociabilizar maioritariamente/apenas com pessoas do mesmo género / Eles devem sociabilizar com toda a gente.

 

 

Orientação Sexual, Identidade de Género e Expressão (OSIGE)

 

Os refugiados recém-chegados homossexuais, lésbicas, bissexuais, transgénero ou queer (LGBTQ+) podem enfrentar desafios acrescidos, mesmo após a chegada à comunidade de reassentamento. Dado que a homofobia e a transfobia existem em muitas partes do mundo, os riscos para estas pessoas podem incluir agressão física e sexual, confinamento psiquiátrico, homicídios de honra e prisão devido à orientação sexual ou identidade e expressão de género. Estes termos, como em qualquer língua, encontram-se em constante evolução, mas pode ser útil para o seu grupo de patrocínio explorar os seus significados.

Recursos de apoio aos refugiados LGBTQ+: Heartland Alliance e Organização para Refúgio, Asilo e Migração (ORAM)

Considerações sobre a orientação sexual e a identidade e expressão de género

  • O processo de formação da identidade em OSIGE pode ter ocorrido antes ou durante a deslocação forçada.
  • Riscos de estigma, discriminação ou violência podem continuar a ocorrer na nova comunidade dos refugiados recém-chegados - partindo do público em geral e dos de contextos geográficos ou culturais semelhantes.
  • Os impactos na saúde mental deles podem persistir ou intensificarem-se a seguir à sua chegada à nova comunidade.

 

 

Religião

 

A religião, a fé e a espiritualidade podem ter um grande impacto nos valores, objetivos e abordagens das pessoas em relação à vida. Alguns podem ter abertura em relação a isto ou manter o assunto privado. A forma como este aspeto das vidas dos refugiados recém-chegados podem necessitar de ser tida em consideração nas atividades de patrocínio do seu grupo, pode ser esclarecida numa comunicação bilateral contínua.

Considerações relacionadas com a religião no patrocínio de refugiados

  • Ter impacto nas crenças, valores, objetivos e abordagem em relação à vida das pessoas;
  • Pode ou não ser diferente da religião ou sistema de valores dos membros do grupo de patrocínio; e
  • Eles (ou vocês) podem ou não ter abertura para falar sobre religião e crenças.

 

 

Autoridade governamental e institucional

 

As nossas perceções de e interações com o governo ou outros funcionários institucionais podem ser moldadas pela nossa cultura e por muitos fatores, incluindo experiências passadas. Alguns exemplos a considerar podem incluir:

  • Depender da família e das redes sociais para serviços que podem ser fornecidos e regulados pelo governo;
  • Ver a polícia como sendo corrupta, pouco fiável, desinteressada da sua função de proteção ou com intenção de prejudicar; e/ou
  • Hesitar em interagir com os quem detém cargos de autoridade tais como profissionais de saúde.

Sempre que for apropriado pode ser útil para o seu grupo de patrocínio e para os refugiados recém-chegados debater os seus sentimentos em relação às pessoas com cargos de autoridade ou governo. Existem muitos resultados possíveis, incluindo, tal não ser um problema ou apenas terem noção de que é um problema com o tempo, quando existir confiança entre o grupo de patrocínio e os refugiados recém-chegados. Se se aperceber de que a interação com o governo ou figuras de autoridade institucional é um desafio, pode considerar criar estratégias em conjunto com os refugiados recém-chegados para diminuir aquilo que lhes dificulta essa tarefa. Por exemplo, tal pode ser tão simples como ter um membro a acompanhar os refugiados recém-chegados e ensinar sobre a função da polícia naquela comunidade e que tipo de serviços fornece, num ambiente neutro como um café.

 

 

Há demasiados aspetos a ter em conta!

 

As culturas são sistemas complexos constituídos por constelações de fatores e a forma como cada pessoa os compreende, bem como, as experiências de vida variam. Os objetivos são aprender mais um sobre o outro e sobre os refugiados recém-chegados; para que possam aprender mais sobre o seu meio ambiente; e para poder adaptar a sua abordagem a eles.  

Estratégias para ter em conta os muitos aspetos da cultura

  1. Aprender sobre o que pode fazer parte do contexto cultural dos refugiados recém-chegados;
    • Criar oportunidades descontraídas para que eles partilhem o seu entendimento relativamente à sua cultura e o que esta significa para eles;
    • Lembrar que certas perspetivas podem ser diferentes das dos membros do grupo de patrocínio ou que eles não as queiram discutir;
    • Estabelecer contacto com indivíduos e organizações que possam partilhar este contexto, possivelmente, incluindo outros refugiados, que já estejam há mais tempo na comunidade, enquanto isso ter sempre a confidencialidade em mente;
  2. Pensar sobre a forma como o seu comportamento, pressuposições e perspetivas podem ser específicas da sua cultura; e
  3. Conquistar a confiança, antes de entrar nesse tipo de conversas, através da paciência, respeito e abertura.

Os fatores explorados no presente recurso de aprendizagem online poderão ter de ser tidos em consideração em algumas tarefas de patrocínio. Como sempre, isto pode ser esclarecido através da comunicação aberta e contínua e da aprendizagem mútua.

 

 

Ponto de reflexão: Competência Intercultural

 

 

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Privacidade e Confidencialidade

 

 

Embora os refugiados recém-chegados podem confiar no seu grupo de patrocínio e partilhar detalhes pessoais, mas continua a caber-lhes a eles decidir o quanto querem partilhar das suas vidas e com quem. Para além, do apoio principal fornecido pelo seu grupo de patrocínio aos refugiados recém-chegados à comunidade, também vai incentivar outros a envolverem-se no patrocínio de refugiados ao partilhar a sua experiência. Portanto navegue com muita cautela na privacidade e confidencialidade sempre que contar uma história ou partilhar informação essencial.

Privacidade e Confidencialidade são conceitos relativamente semelhantes. A principal diferença é que a privacidade lida com o direito do indivíduo a não ser confrontado com questões pessoais ou sensíveis sobre si mesmo, enquanto que a confidencialidade é sobre manter certa informação secreta, exceto se o indivíduo a que ela se refere lhe der permissão para a divulgar.

Estratégias para manter a privacidade e confidencialidade incluem:

  1. Destacar que eles têm o direito a manter as suas informações privadase que o grupo de patrocínio vai respeitar essa posição e não os pressionar no sentido de a alterar. Ouvir isto de si revela respeito, mesmo que continuem a optar por partilhar.
  2. Note que estar ciente de certa informação pessoal pode melhorar a experiência de patrocínio, caso decidam divulgá-la. Por exemplo, estar ciente de doenças físicas ou mentais pode permitir ao seu grupo de patrocínio encontrar serviços adequados para que o refugiado recém-chegado decidir se vai utilizar ou não. a. Reiterar que continua a ser uma opção deles se querem ou não partilhar a informação.
  3. Ajustar a sua abordagem de patrocínio de forma a conquistar a confiança , à medida que vai observando com qual dos membros do seu grupo de patrocínio é que os refugiados recém-chegados se sentem mais à vontade a interagir e pensar porque é que isso acontece.
  4. Lembrar que por os refugiados recém-chegados partilharem aspetos das suas vidas não significa que deva partilhá-los também. Aquilo que o seu grupo de patrocínio ou os outros sabem sobre eles é uma decisão que lhes compete a eles tomar, incluindo para as atividades de patrocínio.

 

 

Ponto de reflexão: Privacidade e Confidencialidade

 

 

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Desequilíbrio de Poder

 

 

O objetivo do patrocínio de refugiados é que os refugiados recém-chegados se tornem auto-suficientes no final do período de patrocínio. Isto envolve a capacidade de fazerem os seus próprios planos e tomarem as suas próprias decisões para atingirem os seus objetivos. Poderão existir desafios para os grupos de patrocínio e os refugiados recém-chegados deverão trabalhar no sentido da auto-suficiência por várias razões. Por exemplo, os refugiados recém-chegados podem estar relutantes em discordar do grupo de patrocínio ou em dizer que não se sentem confortáveis ao verem, que certas decisões são tomadas por eles.

A ideia de poder encontra-se na raiz das nossas interações e isso pode ser compreendido como operando de várias maneiras:

Poder SOBRE: Domínio ou subordinação. Ameaças de controlo e intimidação sancionadas socialmente , que requerem vigilância constante e convidam à resistência ativa e passiva.

Poder PARA: Ter autoridade para tomar decisões. Isto pode incluir o poder de resolver problemas e pode ser criativo e propício.

Poder COM: Pessoas organizadas com um objetivo comum ou entendimento para alcançar objetivos coletivos.

Poder DENTRO: Auto-confiança, auto-consciencialização e assertividade. Isto é a forma como os indivíduos podem analisar a sua experiência de compreensão do poder nas suas vidas e ganhar a confiança para agir, influenciar e mudar.

Uma vez que o poder pode ser poder sobre, poder para, poder com e poder dentro, tendo em consideração que o poder não é dar poder aos outros, mas explorar como pode utilizar estas formas de poder para alcançar um objetivo comum. Pode tentar fazer isto ao criar oportunidades, colaborar e ter como objetivo a auto-suficiência.

Existe uma dinâmica de poder entre todas as pessoas em todas as interações, incluindo os membros do grupo de patrocínio e os refugiados recém-chegados. Por isso, tenha sempre em consideração que o poder sustenta uma experiência de patrocínio de refugiados bem sucedida.

Incentivar a dependência versus independência pode ser visto como a diferença entre ser:

Uma Muleta

Um Trampolim

Um apoio para caminhar de que alguns necessitam para de deslocaram sozinhos.
Uma superfície para as pessoas saltarem mais alto.

Alguns refugiados recém-chegados podem querer mais independência rapidamente e outros podem preferir mais apoio e poderão existir ocasiões específicas, em que prefiram ter o apoio do grupo de patrocínio. Pode ser útil incentivar o seu grupo de patrocínio a refletir sobre as formas de dar apoio e trabalhar no sentido da auto-suficiência.
Ao fazê-lo algumas questões a ter em conta podem incluir:

  • Quais os fatores que podem contribuir para o sentido de autonomia dos refugiados recém-chegados? Como? Porquê?
  • Porque é que, os refugiados recém-chegados podem estar relutantes em discordar de si ou em dizer que não se sentem confortáveis ao verem, que certas decisões são tomadas por eles?
  • Que fatores podem contribuir para o desequilíbrio de poder nas suas interações com os refugiados recém-chegados?
  • De forma é que a noção de família e os papéis e dinâmicas dentro dela afetam/não afetam o seu apoio?
  • Como é que certos membros do grupo ou todo o grupo de patrocínio apoia a auto-determinação e o objetivo de auto-suficiência dos refugiados recém-chegados?

Alguns exemplos para debate de possíveis abordagens para analisar com o seu grupo de patrocínio podem incluir:

  • Os refugiados recém-chegados quererem ser acompanhados a consultas médicas, quando se sentem vulneráveis;
  • Os refugiados recém-chegados recusarem que o grupo de patrocínio organiza as questões de emprego e educação;
  • Os refugiados recém-chegados a preferirem ser levados de carro em vez de utilizarem os transportes públicos, devido a conveniência ou hesitação em estar sozinhos ou por qualquer outra razão da qual não estejam cientes; ou
  • Quererem sociabilizar apenas/não quererem de todo sociabilizar com os membros do grupo de patrocínio.

Estratégias para ter em consideração o poder e o objetivo da auto-suficiência

  • Destacar que é um direito dos refugiados recém-chegados tomarem as suas próprias decisões. Incentivá-los a dizer não aos pedidos ou ofertas de apoio do grupo de patrocínio ou mais genericamente.
  • Fornecer a informação relevante para que possam tomar decisões informadas. Isto pode incluir a referência a recursos, serviços e profissionais da comunidade.
  • Aceitar as decisões que eles tomam mesmo que não esteja de acordo com elas. Claro, que os regulamentos e as leis locais se aplicam e são relevantes para o grupo de patrocínio e os refugiados recém-chegados estarem cientes delas.
Fonte: RSTP YouTube 'Power Imbalance

 

 

Ponto de reflexão: Desequilíbrio de Pode

 

 

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